terça-feira, 11 de maio de 2010

ok carne




invade o músculo
a faca velha
evoca a vaca louca
vade ferro carne
adentro expõe o vermelho
em febre fúria
ouve a música
em flocos no vácuo
rubras folhas espiam
a vida se esvaindo
em vão



deitado
com tristeza
espio
o lazer
da carne
no cio



falta serotonina
triste mente
compensa o
déficit
na dependência
da dor
que
nunca termina



povoado de alvo pó
o vasto continente mental
extravasa vozes que
reverberam incontinência verbal
em vão:
resiste o vazio



a goela engole: compulsão
a garganta engasga: convulsão
o brilho da bebida: colorido
o brilho da bile: incolor



no engulho tem gorgulho
no orgulho tem pedregulho
no engulho tem orgulho
no orgulho tem gorgulho
no engulho tem pedregulho
no orgulho tem engulho
no pedregulho tem engulho
no gorgulho tem orgulho
no orgulho tem engulho
no pedregulho tem orgulho
no gorgulho tem engulho



do eu: ária


diarréia diária
ruído e dor
que corrói
com raiva
e saraiva
o eu



suor do sovaco
dose sexy de amor
que soçobra o odor



my dopping
a dose exata
ou exagerada
gerada na
dopamina



o tremelique
da carne
emula
o chilique
da alma
trêmula



um laço de
fita vermelha
aprisiona
um coração
tresloucado



rebenta a
cadência do
tambor
ecoa o derradeiro
batuque
na decadência
do baticum



o sono saiu
e não chegou
o sonho partiu
e não voltou



aspira aspirina
espira em espiral
espiando inquieto
o espírito



o coração speedy
expõe insucessos
de um rally
de excessos



o ácido rasga
em fúria retilínea
a goela de
uma cidade
em derrocada



uma cadeia
espiralada
de eventos infames
assedia
a mente inerme
enquanto inerte
jaz demente



o cenário arreganhado
disfarça um enredo
cujas cenas
não passam de
uma horrenda farsa



uma fissura
no corpo
adormece a alma
um porco em agonia
estremece
à mercê
do verme
o sangue jorra
farto tingindo
de vermelho
a lama



o vômito marrom acusa
a química indigesta

da náusea cósmica



imersos num oceano
de águas turvas
os olhos marejados
refletem o
torvelhinho que
atormenta
a mente



nas entrelinhas
de mentes
em desalinho
entrevê-se
a dansa
dos neurônios



















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