quinta-feira, 25 de setembro de 2008

foi uma explosão realmente gigantesca a primeira dentre uma sucessão de tantas e constantes explosões que já vinham ocorrendo há bilhões de anos o início de uma série interminável de explosões diferentes de todas as que habitualmente aconteciam desde a mais remota uma explosão sem testemunhas explosões nunca foram raridade no multiverso mas como já disse essa era diferente quando digo isto porque neste exato momento seu som e sua energia invadem meu corpo meus sentidos são determinados por ela numa descarga que me chacoalha me enfraquece e me fortalece ao mesmo tempo o brilho distante de uma misteriosa explosão chega até mim intercepta o meu ser e me sacode no escuro e no vazio de onde não tenho medo de ser jogado nem de sair um som insistente e infinito me domina e tento reproduzi-lo criando músicas que elaboro em detalhes em minha mente são tantas e infinitas que apenas algumas eu canto mas sempre tenho a sensação de que se trata da mesma música em infinitas versões o tic-tac do meu coração marca o compasso dessa música infinita e multiversa a explosão ecoa em mim através dos meus batimentos cardíacos uma bateria harmônica e pontual movida a sangue que é movido pela respiração oxigênio não foi mesmo uma explosão normal aquela e as que se seguiram foram semelhantes com ligeiras diferenças um tipo particular de explosão uma repercussão diferente um som poderoso mas sutil um vento estranho que penetra os ouvidos e os poros vai para o coração e o purifica fazendo-o produzir sangue novo invade com fúria a corrente sanguínea domina o corpo que reage com alegria vibra e percute como um tambor um som quente que reverbera nas mínimas partículas do corpo que se abre com prazer os corpos vêm desenvolvendo ao longo de milhares de anos mecanismos cada vez mais sofisticados que visam melhor absorver os ecos da explosão o design voluptuoso que reforça a dinâmica vital da grande explosão e suas ondas sonoras de diferentes tons volumes e dimensões gases espessos ofuscantes tons fúcsias grande parte do planeta é composta de centenas de camadas do mesmo gás em espessuras e consistências diferentes cada uma dessas camadas tem distintos mas sutis subtons de fúcsia com um pequeno núcleo rochoso o planeta inteiro é dominado por gases de diferentes cores e nuances principalmente as quentes ao longo de alguns bilhões de anos gases vindos e produzidos inicialmente a partir de uma estrela gigantesca ao redor da qual o planeta orbita começaram a se acumular ao redor do seu núcleo moléculas desses gases se fundiram em milhões de anos dando origem a outros gases mais densos e pesados devido à proximidade com a estrela o planeta é muitíssimo quente chegando a impressionantes seiscentos graus centígrados quando a órbita do planeta atinge seu ponto máximo de proximidade com a grande estrela as cores dos gases que compõem a densa atmosfera todas as cores quentes vermelho laranja e amarelo seus tons e subtons brilham intensamente reflexo da luz da estrela que reverbera implacável ventos varrem várias partes do planeta os gases com suas cores e nuances se mesclam sem parar por vezes parte da atmosfera pega fogo esse fantástico fenômeno acontece quando por causa dos fortes ventos se misturam alguns gases inflamáveis de diversos tipos nomes e consistências e suas cores tons e subtons focos de fogo se alastram se reencontram vindos de todas as direções o fogo se espalha em algumas partes desde a superfície do núcleo passando pela baixa atmosfera e suas trinta e duas camadas chega à média atmosfera e suas vinte camadas até atingir a alta atmosfera com setenta e sete camadas todas as camadas possuem inúmeras subcamadas que possuem cores definidas em geral quentes e nuances vistas de longe ou em uma média aproximação é possível discernir as subcamadas com seus infinitos tons e subtons há vários vulcões no núcleo não tão pequenos em relação à massa do núcleo esses vulcões expelem uma densa fumaça preta que se mistura aos gases da atmosfera sim o núcleo é altamente concentrado de partes de ouro prata berílio e cobalto numa parte mais interior do núcleo oeste metais estão em estado líquido a atividade vulcânica não chega a ser intensa mas é constante têm vulcões que expelem apenas um metal ou dois metais com quantidades variadas de cada um deles ou outros três metais também com quantidades variadas separados ou misturados e outros vulcões expelem os quatro metais ouro prata berílio e cobalto rochas recobertas de ouro prata berílio e cobalto compõem a parte externa do núcleo do planeta em certas ocasiões em qualquer lugar aquela quantidade absurda de gases pode se dissipar e a luz do sol incide sobre os metais que como espelhos refletem o brilho impactante da grande estrela e devolvem um facho de luz ao espaço sideral meteoros de todos os tipos caíram e caem lá com muita freqüência a superfície é cheia de crateras o solo em partes do planeta é composto de finas camadas de fina areia cintilante algumas dessas camadas são compostas pelos quatro metais do interior do núcleo ouro prata berílio e cobalto asteróides de diversos tamanhos caem também no planeta em alguns lugares com regularidade maior motivo de as areias daí serem mais finas que em outros lugares o impacto da queda de meteoritos e asteróides afina cada vez mais as areias além disso acrescenta metais como ferro cobre e outros bombardeios constantes têm acrescentado massa ao planeta que tem muitos satélites naturais são cerca de vinte cada um com diferentes características o satélite mais próximo chamado remo parece que tem em sua superfície enormes chaminés naturais que se elevam chegando a atingir alturas de cinco mil metros aproximadamente do seu topo essas chaminés expelem uma fumaça constante de cores e tons variáveis que tem grande parte das vezes um tom verde ou amarelo fluorescente o qual suspeita-se pode ser enxofre os tons vão mudando lentamente do verde fluorescente ao verde mais escuro que vai se acinzentando até chegar ao verde cinza indo a um tom azulado também acinzentado aos poucos o cinza se dissipa dando lugar de início ao azul claro que aos poucos se intensifica até chegar a um tom próximo ao do turquesa a permanência dessas cores e tons é variável depende muito dos movimentos dos materiais que compõem as camadas mais internas do núcleo do satélite que dizem ser composto de muitos metais e rochas diferentes mas ninguém sabe quais exceto ferro segundo o consenso de pesquisadores do azul turquesa a fumaça que sai das chaminés pode se converter em roxo depois em vermelho depois em laranja depois em amarelo depois em verde e assim por diante eu disse lá atrás que pode se converter mas não necessariamente este seria o processo previsível da mudança gradativa das cores da fumaça mas do azul turquesa ela pode mudar lentamente para um tom vermelho por exemplo já disse é um fenômeno lento como tudo neste satélite imprevisível pergunta-se: como surgiram as chaminés e de que material são construídas? ninguém sabe segundo os estudiosos são chaminés naturais uma característica marcante do satélite um padrão trabalhado pela natureza sim são expelidoras de gases mas não são vulcões não expelem poeira nem magma só fumaça pura fumaça não é o que pensam esotéricos astrólogos curiosos e o povo em geral entre eles disseminou-se a lenda de que as chaminés foram construídas por uma civilização já extinta mas há divergências outros dizem que há uma civilização sim mas subterrânea e que as chaminés são apenas a parte visível de um complexo sistema de saída de gases venenosos alguns replicam dizendo que a superfície já é quente o que se dirá do subsolo eles respondem que o sistema não só o protege dos gases tóxicos mas também sintetiza oxigênio a partir de raras moléculas d’água trazidas da superfície que em tempos remotos foi menos hostil e mais aprazível havia uma população de bilhões de habitantes mas houve um repentino revertério natural no satélite gases tóxicos antes eram expelidos por grandes dutos naturais em regiões isoladas do satélite que começaram a se tornar buracos em todas as partes os gases que saíam deles mataram muita gente foi uma catástrofe natural sem precedentes na história de remo a mortandade foi geral ou quase só sobraram poucos indivíduos da espécie mais capazes de sobreviver à nova realidade segundo os adeptos desta teoria esses sobreviventes habitam agora os subterrâneos de remo não há qualquer evidência que sustente essa teoria não há provas científicas é como antigamente se acreditava em marcianos ironizam os cientistas ainda não é possível tirar provas conclusivas da existência das chaminés não houve nem há planos de se concretizar uma missão espacial para explorar remo não por causa de limitações da ciência se dependesse dos cientistas várias missões já teriam sido enviadas para lá o problema é dinheiro mas até onde os pesquisadores sabem as grandes torres que se assemelham a chaminés são formações naturais que expelem muitos gases é muito difícil para os cientistas discernirem com exatidão o que há por trás daquela bruma felizmente ajudados ao acaso pela fúria dos fortes ventos que assolam o satélite que criam clareiras os potentes telescópios apontados para detectar a presença dessas majestosas torres naturais que não são vulcões frisam os especialistas já puderam vislumbrar alguma coisa mas não o suficiente pois a fumaça expelida pelos vulcões vem rápido preencher o vazio das clareiras persistindo assim o mistério as chaminés resistem ao tempo parecem eternas os ventos e as tempestades se sucedem mas as chaminés resistem soltando fumaça colorida o material de que são feitas as torres ninguém sabe ao certo alguns supõem que podem ser de pedra outros acham que podem ser de metal quase puro a superfície das paredes parece irregular mas outros pesquisadores opinam que podem ser de um material orgânico alguns acrescentam que podem ser seres vivos as grandes edificações resistem misteriosas e insondáveis protegidas pelas espessas brumas como suas guardiãs
Palavras em Transe - tela 3 (2007)
Acrílica s/ tela
250,0 cm (diâmetro)

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