0 comentários sábado, 29 de maio de 2010

banal
bananal
anal
bana(l)
nada


Oh!
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homem
holocausto
hontem
hoje
horror
oh!

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A série ondestoudondevimaondevou aborda a cartografia da cidade de São Paulo. Inicialmente eu iria pintar os mapas do bairro que moro e os que já morei, os lugares que passo e os que já passei. Mas como conheço quase toda a cidade vou pintar os mapas de todas as regiões. Essa série é dividida em várias partes: telas que retratam regiões ou grandes bairros como o Centro, Pacaembu, Jardins e Ibirapuera. A partir de cada bairro, eu foco em certos logradouros como trechos de ruas, praças, parques, cemitérios ou igrejas. Nesses recortes, o que se vê são apenas formas geométricas, com suas linhas retas e curvas, no limite entre o que se convencionou designar figuração e abstração. Assim, do macro ao micro, há a subsérie das ruas, praças, parques, cemitérios, etc. Como em Palavras em Transe, dou continuidade ao uso das cores primárias e das complementares acrescentando as cores ouro, prata e cobre. Iniciada em 2009, ondestoudondevimaondevou não tem prazo determinado para ser concluída, tal como Palavras em Transe.

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ondestoudondevimaondevou VI (2009)
acrílica s/ tela
92 cm X 130 cm

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ondestoudondevimaondevou V (2009)
acrílica s/ tela
95 cm X 112 cm

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ondestoudondevimaondevou IV (2009)
acrílica s/ tela
89 cm X 111 cm

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ondestoudondevimaondevou III (detalhe) (2009)
acrílica s/ tela
88 cm X 147 cm

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ondestoudondevimaondevou III (2009)
acrílica s/ tela
88 cm X 147 cm

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ondestoudondevimaondevou (detalhe) (2009)
acrílica s/ tela
88 cm X 147 cm

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ondestoudondevimaondevou II (2009)
acrílica s/ tela
88 cm X 147 cm

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ondestoudondevimaondevou I (detalhe) (2008)
acrílica s/ tela
88 cm X 147 cm

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ondestoudondevimaondevou I (2008)
acrílica s/ tela
88 cm X 147 cm

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Savana Urbana



Os Chacais se esgueiram nas ruas repletas de sangue coalhado farejando pedaços de carne fresca.


Os Abutres vêm dilacerar o peito dos incautos, que passeiam em carros conversíveis recém-roubados, para arrancar-lhes os corações pulsantes de ódio.


Os Leões, Leopardos e Guepardos espreitam com calculada quietude nos becos das alamedas fuliginosas e barulhentas, onde podem escolher a menos zelosa Gazela, o mais ignorante Gnu ou a mais incapaz Impala.


Os Fantasmonstros sequestram a saúde do son(h)olento Paquiderme no negrume da noite enviando Traças e Sanguessugas que devoram com fervor suas entranhas.


A Infâmia camuflada de Fada passeia glamurosa nas ruas em ruínas num ócio nada gratuito.


Os Tigres perpetram chacinas no clarescuro de calabouços obscuros e esquinas traiçoeiras.


O Craque trafega com garbo em trajes esportivos sobre cadáveres putrefatos ou corpos semimortos que ainda emitem seus últimos gemidos de dor.


Os Crocodilos esperam com olhos vítreos e imersos em paciência lodacenta potenciais vítimas dentre desavisados Gnus e lesadas Gazelas.

Um Filhote de Elefante é fustigado por um grupo de Hienas apesar dos protestos da Mãe. Mas, num ímpeto, ela investe com fúria materna sobre o voraz bando que, como um bloco pulverizado, se dispersa em ruidoso alarido pela rua afora.



A Virgem vestida com trajes alvinegros aguarda a Morte: passarão a lua-de-mel na cidade-masmorra onde vão fuzilar a modorra cotidiana à queima-roupa munidas com metralhadoras furtadas de uma turma de Hienas armadas travestidas de Gnus.



A Barbárie se refestela num lauto banquete saboreando sanguíneas iguarias num seguro reduto situado na torre mais alta da megacidade.






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mãos
que
puxam
rasgam
se
destroemTamanho da fonte
mãos suicidas
mãos
que
dilaceram
violentam
o corpo
mãos assassinas
mãos
que
torcem
distorcem
retorcem
se contorcem
mãos
desvairadas


o movimento
teimoso
reduz
o gesto
a mero cacoete


não há esperança
de renovação
num gesto que esgota
e inibe
a possibilidade
de outros


não há outros gestos
só um


movimento obsessivo
que mata
a possibilidade
de outros
movimentos


não há novidade
só estagnação


a obsessão
solapa
a vontade


a dor que afeta
o homem
é um labirinto
de ações irracionais





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ok carne




invade o músculo
a faca velha
evoca a vaca louca
vade ferro carne
adentro expõe o vermelho
em febre fúria
ouve a música
em flocos no vácuo
rubras folhas espiam
a vida se esvaindo
em vão



deitado
com tristeza
espio
o lazer
da carne
no cio



falta serotonina
triste mente
compensa o
déficit
na dependência
da dor
que
nunca termina



povoado de alvo pó
o vasto continente mental
extravasa vozes que
reverberam incontinência verbal
em vão:
resiste o vazio



a goela engole: compulsão
a garganta engasga: convulsão
o brilho da bebida: colorido
o brilho da bile: incolor



no engulho tem gorgulho
no orgulho tem pedregulho
no engulho tem orgulho
no orgulho tem gorgulho
no engulho tem pedregulho
no orgulho tem engulho
no pedregulho tem engulho
no gorgulho tem orgulho
no orgulho tem engulho
no pedregulho tem orgulho
no gorgulho tem engulho



do eu: ária


diarréia diária
ruído e dor
que corrói
com raiva
e saraiva
o eu



suor do sovaco
dose sexy de amor
que soçobra o odor



my dopping
a dose exata
ou exagerada
gerada na
dopamina



o tremelique
da carne
emula
o chilique
da alma
trêmula



um laço de
fita vermelha
aprisiona
um coração
tresloucado



rebenta a
cadência do
tambor
ecoa o derradeiro
batuque
na decadência
do baticum



o sono saiu
e não chegou
o sonho partiu
e não voltou



aspira aspirina
espira em espiral
espiando inquieto
o espírito



o coração speedy
expõe insucessos
de um rally
de excessos



o ácido rasga
em fúria retilínea
a goela de
uma cidade
em derrocada



uma cadeia
espiralada
de eventos infames
assedia
a mente inerme
enquanto inerte
jaz demente



o cenário arreganhado
disfarça um enredo
cujas cenas
não passam de
uma horrenda farsa



uma fissura
no corpo
adormece a alma
um porco em agonia
estremece
à mercê
do verme
o sangue jorra
farto tingindo
de vermelho
a lama



o vômito marrom acusa
a química indigesta

da náusea cósmica



imersos num oceano
de águas turvas
os olhos marejados
refletem o
torvelhinho que
atormenta
a mente



nas entrelinhas
de mentes
em desalinho
entrevê-se
a dansa
dos neurônios



















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És não És


Ator A

No és não és das palavras a culpa nas entrelinhas.


Ator C

No tecido compacto das palavras um és não és. De culpa.


AtorB

Um és não és. Embora o nada. Ora, o nada. Um és não és. De culpa no nada.


Ator D

Nas entrelinhas entrevê-se um és não és de culpa.


Ator C

Entrevê-se o quê? Ora, um és não és de mentira. Um quase branco sobre branco. Qua-se! A mácula engendrada no tecido compacto das palavras.


Ator A

Vê-se então: na palavra compacta penetra um és não és de mentira. Então: a culpa.


Ator C

Medo. Culpa.


Ator B

A cupidez da palavra em vão disfarçada. A vanglória ecoa no tecido asséptico. Contamina a trama esgarçando o que era compacto.


Ator D

Rompendo a retidão do tecido. Nas entrelinhas da trama a mentira. Apenas. Um és não és. Embora.


Ator B

Sim um és não és. Ainda assim, a mentira. Onde a assepsia? No vazio brancobranco dos museospitais?


Ator A

Brancobranco? Nos museospitais onde o medo jaz. Embora em tubos de ensaio. Mas lá o medo. Lá! (voz alta)


Ator D

É preciso anestesia. É preciso a prisão asséptica dos tubos de ensaio. Eliminar o és não és da mentira nas palavras.


Ator C

As palavras à espera. A mentira fundindo-se ao tecido compacto. Agora, não mais. Um és não és. Mas. À espera do perdão. Limitude.


Ator A

Não o brancobranco infinito. Não o nada brancobranco. Na infinita assepsia museospitalar a mentira macula. Então a finitude.


Ator D

Recorrer a recursos artificiosos. Tubos de ensaio. A vanglória das palavras anestesiadas e congeladas em tubos de ensaio. Ainda assim, adianta?


Ator C

Sim? Sim. Sim? Onde o branco sobre branco das palavras?


Ator A

Apesar das vãs tentativas. Apenas um és não és. A mácula como registro. Fóssil vivo. Embora um és não és. Limitude.


Ator B

Brancobranco. Negronegro. Tantofaz. A homogenia como regra jaz. Um és não és no branco. Um és não és no negro. Ora, cor não vem ao caso.


Ator C

Os recursos artificiosos dos tubos de ensaio apenas reiteram: a finitude é irreversível. O tecido das palavras se esgarça em movimento inexorável.


Ator B

Negrobranco ou branconegro: um és não és apenas. Um quase nada. Qua-se. A finitude. Até onde?


Ator C

Na ruptura da trama. No esgarçamento inexorável. Onde começa a culpa e o medo.


Ator B

Onde entrevê-se o obscuro. O obscuro vazio. Entretrevas. Onde o és não és adquire a gravidade da culpa e do medo.


Ator A

Na fusão do nada com o quase. Na fronteira traiçoeira onde aguardam a culpa, o medo e a mentira. No esgarçamento do tecido não mais a retidão da palavra.


Ator C

Medo. De contemplar o medo. Mesmo o medo preso em tubo de ensaio. Na extrema assepsia museospitalar. Mesmo assim.


Ator B

Cúpidas palavras à espera de perdão.


Ator D

Perdão? Cúpidas palavras à espreita. Suspeita. Traição.


Ator C

De museu... Medo. Antisséptico. Fóssil vivo. Na penumbra. Do branco hospitalar.
No és não és.


Ator A

A cupidez das palavras à espera. . .De perdão? Embora a traição. A conspiração. Na penumbra do branco sobre branco.


Ator D

O medo de que a culpa ocupe. O vazio. O obscuro vazio museospitalar. Em meio a tubos de ensaio. Anestesiar a culpa. Depois, em tubos de ensaio. Não sair mais. Presa.
Ator C
Na vã tentativa de fossilizar a culpa. Com ela a mentira e o medo. Vã esperança de deter o esgarçamento inexorável do tecido.
Ator B
Mentiras à espera do esquecimento. Vã espera do perdão. Inútil busca de uma quimera. A assepsia. Falsa assepsia dos museospitais.
Ator A
A falsa assepsia. Onde a traição das palavras macula o perdão. Onde a palavra imaculada? No obscuro vazio dos museospitais? Na penumbra do branco hospitalar?
Ator B
No clarescuro do nada vazio? Nas roupas brancas dos asseclas do terror? Imaculada quimera.
Ator C
Não. A mácula das palavras apagadas? Jamais. O brancobranco? Impossível.
Ator D
Mentiras e palavras. Uma não vive sem a outra. Eliminadas as palavras, adeus mentiras!
Atores A e B
Eliminemos as palavras, então. Eliminemos. Aí o fim da mentira.
Ator B
A falácia da assepsia. (irônico)
Ator D
A culpa. Usada como desculpa. Usada, sim. Nem me desculpo. Porque usada! De museu. Ou de brechó. Minto apenas. Desminto e me culpo. Desculpas e mentiras de segunda mão. Cansa.
Ator B
Saborosas embora. De segunda sem dúvida. A dívida permanece. Restam dividendos. De culpas e mentiras. Menteculpadas. Mentecaptas. (pausa) Rever a morte. Em solidez putrefata.
Ator C
A assepsia museospitalar: não dividendos. Infecção museológica. Sem dúvida.
Ator D
Dupla infecção. Convalescimento em museospital.
Ator A
Não houve socorro. Nem perdão. Misericóridia roguei. A menteculpada acusava. Não podia correr. Não acusava perdão. Nem misericórdia. Por mais que rogasse.
Ator D
Convalescimento. De segunda em hospitalmuseozoológico. Infecção de segunda.
Ator B
Vestir a culpa. Como roupa mesmo. Nova. De brechó. Gastar a culpa. Ou poupar. Roupa. De sair. De casa mesmo. Como máscara. Maquiagem borrada mesmo. Desbotada. Pós-festa. Na ressaca. Culpa viva em cores desmaiadas.
Ator D
Saboroso convalescimento. Não é tudo. Museozoológico: pesquisa ilógica da culpa. Na tentaiva de erradicar o vírus da culpa. Inútil. Da mentira. Então. Em vão. Dentro o obscuro. A não resposta. O obscuro vazio como resultado.
Ator C
Diagnóstico: menteculpada. Ecoam as pesadas palavras nos museospitais.
Ator A
Não digo que não tenho medo. Lástima. Palavras. ouvem. E veem. E conspiram. Monstros. Mantê-las em tubos de ensaio. Na assepsia hospitalar museozoológica.
Ator C
Culpa minha? Ou da mente? Mentirosa. Submetê-la a trabalhos forçados. Nas masmorras dos hospitais museozoológicos. Mental assepsia.